
A exposição "Eu fiz o nada aparecer" (verso de Manoel de Barros) de Maria Laet na galeria A Gentil Carioca, reflete sobre as diferentes possibilidades materiais e poéticas da linha enquanto fio experimental, resgatando rigor formal aliado à organicidade dos materiais, à leveza visual, à fragilidade estrutural e, acima de tudo, a uma noção de experiência poética marcada por uma temporalidade intensiva. Em suas obras, a linha se confunde entre "ser objeto" ou "ser fotografia" ao mesmo tempo em que cria um campo autônomo para pensá-las enquanto e tão somente como imagem. Laet explora o limite entre linha e materialidade, conduzindo a ressonância do seu trabalho para um território que fica na fronteira entre o silêncio e a suavidade. A fluidez, a co-existência na diferença, a processualidade, a fragmentação e a precariedade material (em alguns trabalhos) são situações que criam campos de diálogo entre as obras e colocam a linha como atravessadora dessas transformações negociadas.
Felipe Scovino